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MULHERES NA ASTRONOMIA

“Compreender as coisas que nos rodeiam é a melhor preparação para compreender o que há mais além”

- Hypatia

 A primeira vez que ouvi falar de astrologia foi por minha tia, a astróloga Patricia Ungarelli. Foi também com quem li meu mapa astral pela primeira vez.  Já estudava astrologia sem tanto método-modo, com ferramentas mais acessíveis como o site astro.com organizado pela astróloga e psicanalista Liz Greene e alguns livros de introdução achados em sebo. Cheguei também na astrologia pela Alquimia, estudando a mitologia ocidental, desde as raízes sumérias até às práticas pagãs proibidas nos períodos da idade média.
Começo por Hypatia: astróloga e filósofa alexandrina, nascida de 250 d.C., uma das poucas mulheres filósofas, matemática e fisicista, já carregava a hipótese de que o movimento planetário seria elíptico e não esférico, além de começar a se indagar sobre a possibilidade da terra também estar se movimentando, contradizendo Aristóteles e Ptmolomeu que teriam se apoiado sobre mapas do universo baseados sempre em movimentos esféricos, “perfeitos”. 

Solar System Quilt - Ellen Harding Baker, 1876

Hypatia era professora de astronomia. Foi proibida de ensinar e, pouco depois, apedrejada pelos cristãos na tomada de Alexandria, e com ela, foram mortos seus estudos e observações. Assim como muitas mulheres ao longo da história, Hypatia não teve louros por seus estudos e sua teoria foi patenteada por um homem 1.300 anos depois de suas descobertas. Kepler comprovou matematicamente as três leis do movimento planetário e a movimentação da terra, seguindo os estudos de Tycho Brahe (1546 - 1601). Mas Hypatia foi esquecida, em nenhum livro de história geral da astrologia achamos os registros da grande filósofa. 

  Por isso escolhi escrever um texto para trazer alguns exemplos de astrólogas/astrônomas ao longo da história que traçam esse caminho resistente de deixar seu registro, enquanto muitas foram forçadas ao esquecimento, a intenção é lembrá-las. Botar pra rodar a informação dessas estudiosas de eras atrás.

  Antes de Hypatia, ainda mais antiga, é En - Hedu - Anna/Enheduanna: poeta e astróloga babilônica, nascida na mesopotâmia (atual Iraque), de 2.285 a.C. Escreveu suas observações em tábuas de pedra, além de poemas, tanto políticos, sobre questões socio-culturais, quanto evocativos e religiosos. Ela era sacerdotisa de Inanna (deusa-lua). Observou e escreveu sobre as estrelas. Já há cinco mil anos atrás, assinou seu nome, dando autoria aos poemas, às observações. 

  A mulher que projetou e bordou esse modelo astronômico que vocês vêem na imagem desse texto, foi Ellen Harding Baker, nascida de 1947, norte-americana, foi professora de astronomia. Esse tecido em que bordou o sistema solar, tem mais de 2 metros quadrados. Ali já organizava todos os planetas transpessoais (Urano, Netuno e Plutão), além das luas de Júpiter, cometas e a nuvem de estrelas e constelações. A astrônoma Maria Mithcell diz: “o olho que dirige uma agulha nas malhas delicadas do bordado, igualmente poderá pescar uma estrela com a teia de aranha do micrômetro.” 

  A delicadeza e a materialização artística dos conhecimentos objetivos-matemáticos, sempre foram modos muito repudiados pela nova ciência positivista, filhote dos iluministas. A arte, para eles, não caminha com a ciência. 

  Além de trazer à tona, nessa pequena curadoria, o trabalho de pesquisa e arte dessas mulheres ao longo da história, é importante conduzir para que a arte ande com as teorias, se criando conjuntamente. Sem antagonizar as pesquisar objetivas e as subjetivas, sem polarizar arte e ciência. 

  Seguindo pro fim do séc XX até nossa virada pro XXI, vou indicar algumas mulheres que inspiram meu caminho diariamente, dando novos sentidos, novos questionamentos que antes não tinha me apercebido, mulheres muitos inteligentes, sagazes. Indico aqui algumas astrólogas modernas, como Liz Greene, Dana Gerhardt, escritora, também escreve artigos para o astro.com, Anna Maria Costa Ribeiro, autora do Conhecimento da Astrologia publicado pela editora Imperial novo milênio, muitas das perguntas que elaborei, foram a partir de afirmações e observações da Anna nesse livro, grande pesquisadora, mas com questões adversas básicas em relação às pautas atuais, que finalmente estão em discussão, depois de milênios de atraso perante a sua necessidade, mas não é algo que vou aprofundar agora. 

 Mulheres de agora, agorinha, que você já pode seguir no instagram ou ler o que elas publicaram por aí são: Julia de Carvalho Hansen, dá pra achar pelo site alforriablues.blogspot.com e no Instagram @julia.c.hansen,  Aline Camargo com o perfil @danca.dos.planetas e no site alinecamargoast.com.br,  Julia Francisca na página @trama_celeste e no site tramaceleste.com, Angélica Ferroni no site barcaastrologia.com e na página @barca_astrologia e o argentino Alex da página @astro_cats, esse último, um dos maiores produtores de memes astrológicos que conheço, com cunho político e perspectiva crítica. 

*

Inanna e Au:

 

Como dragão, encheste a terra com veneno

Como trovão, quando brandas sobre a terra, 

Árvores e plantas casem diante de ti 

És o dilúvio descendo da montanha, 

Ó deusa primeira, 

Inanna, deusa da lua, que reina sobre o céu e a terra!

Teu fogo espalha-se e cai sobre a nossa nação.

Senhora montada numa fera, 

Au te dá qualidades, poderes sagrados, e tu decides. 

Estás em todos os nossos grandes ritos 

Quem pode compreender-te?

 

- poema por En- Hedu-Anna

 

(esse poema não lembra alguns de Hilda Hilst?)

 

*

Hypatia: 

“Reserve o seu direito de pensar. Pensar errado é melhor do que não pensar”

Enheduanna 

Hypatia 

Moeda de 2.250 a.C.

a segunda pessoa, da esquerda pra direita, seria Enheduanna

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